quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Ousadia (ou Edgar Degas)


O último livro que li fala do Degas e de suas obras. Ele nasceu em 1834 e morreu antes da Primeira Guerra Mundial.

Ainda não disse isso, mas eu me interesso demais por biografias. Só que raramente guardo datas e lugares: cérebro "feminino" como o meu é, costuma guardar preferencialmente o modo como a pessoa foi, as relações que estabeleceu, as ligações de sua trajetória de vida com sua obra... enfim, impressões. E, para isso, nada melhor do que falar de um impressionista que foi Degas.

Não quero digitar o nome dele no Wikipedia e pegar dados que não lembro de cor (confesso que a idéia me veio à cabeça). Prefiro falar um pouco do que ficou pra mim a partir do livro. Degas, como a maioria dos artistas da época, era um boa-vida, ou seja, o pai tinha uma graninha razoável e isso permitiu ao filho escolher que profissão seguir. Ele se formou em outra coisa (Direito, acho -altas possibilidades de ter acertado. Naquela época as escolhas variavam em médico, advogado e banqueiro! Não tinha muito mercado pra um OV...) , mas resolveu ir estudar arte. Acontece que bum!, rolou um problema monetário e ele teve que começar a pintar para comprar o pão (ou o croissant, afinal, ele é francês) de cada dia. E foi assim que ele começou a pintar suas famosas bailarinas.

As bailarinas de Degas. Pra quem tinha a romântica visão de que ele as pintava por admiração, se enganou. Ele até curtia um balletzinho, mas toda a burguesia curtia (aliás, essa dança representava o "mercado de moças" para os burgueses bonachões, coisa que Degas repudiava). Assim, os quadros de Ed eram bastante procurados e ele garantia uns francos.

Enfim, qual a grande sacada do Degas: ele se inspirou, dentre outras coisas, na fotografia para compor suas obras. Assim, inovou no uso da luz artificial, nos temas e nos enquadramentos. Ele foi o primeiro cara a cortar um jóquei pela metade, deixar o braço da bailarina pra fora do quadro, a colocar no centro do quadro um vaso de flores ou um simples chapéu etc. E isso, somado, claro, ao seu talento, ajudava a dar movimento às pinturas, que parecem captar um instante de um continuum.

Ele não pintou só bailarinas (às quais, aliás, ele chamava de um nominho pejorativo que agora eu esqueci qual era). Retratou também mulheres que trabalhavam duro, como engomadeiras, e também banhistas. Mas não as banhistas em florestas idílicas como do Renoir ou do Manet que, aliás, era seu amigo e esteve no seu funeral (Degas morreu bem velhinho, quase cego por uma doença crônica e na sua lápide estava escrito que ele era alguém que "gostava muito de pintar"). Suas banhistas eram quase um voyeurismo, pois mostravam mulheres comuns como se estivessem sendo vistas do buraco da fechadura, em posições nada elegantes e com as belas perucas da época encostadas do lado da bacia de banho. Ele não era necessariamente um adorador das mulheres. Pelo contrário, dizem que o danado era machista e meio grosseiro também.

Bom, isso é um pouco do que li sobre Degas. Tem muito mais pra quem quiser saber. Queria eu ter sabido disso tudo antes de ter ido à exposição que teve no Masp ano retrasado. Já mencionei que ele também era escultor?

Um comentário:

Anônimo disse...

EDGAR DEGAS SE ENTEREÇOU PELA PINTURA,ACHO QUE FOI POR QUE ELE PERCEBEU QUE ELA E MUITO OTIMA PARA SE EXPRESAR...