A Revista da Folha desta semana mostrou uma pesquisa sobre a leitura no Brasil. Não me lembro de onde eram os dados, mas a média do brasileiro no quesito leitura é de 1,8 livro/ano (!). Fiquei assustadíssima. Desde os 4 anos de idade, minha média é sempre bem maior! Ano passado, por exemplo, eu li uns 25 livros.
Claro que, talvez, eu não possa ser parâmetro -admito meu lado totalmente nerd e sei que a grande maioria das pessoas não é assim (Graças a Deus). Só que ler 1,8 livro é muito pouco pra 365 dias do ano -a situação só piora nos anos bissextos!
É claro que há muitas variáveis nesse dado. Das que eu posso dizer, estas são algumas:
1) O Brasil tem 200 milhões de pessoas, sendo que a renda $ se divide em cinco classes. É muita discrepância entre a classe A e a E;
2) Livros não são o bem de consumo mais barato. Pelo contrário, o preço não é muito acessível. Uma pessoa que ganhe um salário mínimo para pagar aluguel, contas, comida e transporte nem sempre pode gastar 30 reais num livro (para isso, há algumas soluções de outros países -por sinal, com menos classes sociais distintas- , como imprimir livros com papel de qualidade inferior e menores);
3) O investimento em bibliotecas públicas não é tão grande quanto o investimento nas bibliotecas privadas dos escritórios e living rooms das casas dos senadores;
4) O hábito de ler não é transmitido como algo prazeroso, mas sim como uma obrigação, tanto na escola quanto no trabalho;
5) As outras formas de lazer mais socialmente aplaudidas envolvem mídias como computador e televisão -enfim, cenários que você não precisa movimentar dentro da sua cabeça, porque eles se mexem sem sua interferência ou criatividade, contribuindo para uma futura demência precoce, ou algo assim, por causa do atrofiamento das sinapses. (É claro que estou sendo totalmente terrorista agora)
Não quero só apontar as causas, que são inúmeras e outras pessoas poderiam fazê-lo muito melhor do que eu. Quero também propor e pedir soluções. Acho que a solução aí (e, quando digo isso, fica claro que consideroum grande problema lermos tão pouco) tem que funcionar como o mecanismo do Chaves com o Kiko. Quando o Chaves aparecia com um pirulito, o Kiko ficava com vontade e aparecia com um maior ou com dois. Ou seja, a partir de um estímulo, ele sentia a necessidade. É assim que funciona a saída que proponho: aos que sentem prazer em ler, que não sejam egoístas e demonstrem isso aos outros. Dêem livros antigos, gibis que liam tempos atrás. Leiam livros no transporte público e façam cara de deleite a cada página avançada. Beijem os livros da biblioteca, espalhem cartazes de propaganda de sebos. Sentem no chão da Saraiva Mega Store mais próxima e leiam em voz alta. Promovam saraus (com ou sem diversões mais profanas inclusas). É claro que a vida é muito mais do que isso, mas ler é uma viagem cujos suvenires nós guardamos no lugar mais sagrado.
Obrigada por ter lido essa postagem que escrevi. O prazer foi meu. E seu também!