É claro que nem sempre conseguimos fazer tudo a que nos propomos. Aliás, dificilmente temos a sensação de dever 100% cumprido: é mais comum pensarmos que faltou algo, ou então darmos de ombros e dizermos "vai como está, mesmo". A plenitude é um estado raro de se alcançar.
Sinto um prazer enorme quando termino um texto. E o término, por si só, envolve etapas que, num crescendo, culminam com a aceitação total da postagem - vezes e vezes, volto à edição e acrescento uma palavra, retiro outra, corrijo um erro atencional. E, por fim, permito-me o regozijo de pensar: "Agora, sim!". Este prazer não depende da quantidade de palavras, parágrafos ou da complexidade do tema. O prazer vem justamente por ter feito a minha parte e, obviamente, estar minimamente satisfeita com o resultado.
Acontece que, justamente pela raridade da plenitude, o prazer por ela sentido não pode ser buscado a torto e a direito: ele também parece ter todo um ritual, um momento certo. Evito ler outros blogs, fico em silêncio ou com uma música que não me desconcentre, procuro lembrar que fato ou lembrança, nos últimos dias, me despertou o desejo de escrever a respeito... E, principalmente, preciso sentir uma pressão e uma organização mental mínima para conseguir colocar em palavras o que mais se sente do que se verbaliza. Ou seja, há uma conjunção ideal de fatores para acontecer. Quase como um eclipse.
Espero, em 2011, escrever com frequência maior do que a desse fenômeno astronômico.