sábado, 23 de maio de 2009

So(u)letrando


Pra ser sincera, não sou super fã do Luciano Huck. Mas muitas vezes assisto ao Caldeirão pra acompanhar minha mãe, que gosta mais do que eu. E, claro, muitas vezes chorei nos quadros à la Pimp My Ride e Extreme Makeover (Lata Velha e Lar Doce Lar). Podem não ser mega originais (mas o paradigma da televisão é mesmo imitar, não é?), mas sempre me comovem.
Talvez por isso sejam tão imitados: os dramas são universais. A gente adora, por um motivo ou outro, ver alguém passando por uma situação difícil de resolver e, de repente, uma ajuda praticamente cai do céu, resolve o problema em uma semana -aliás, o fato de todas essas transformações destes programas ocorrerem em 7 dias não é à toa, né? "E no começo tudo eram caos..."
Mas hoje não era dia de nenhum desses. O quadro a que eu assisti foi o Soletrando, em que crianças selecionadas de todos os Estados do País concorrem a uma bolsa de estudos de 100 mil reais (ou seja, 1/10 do que a gente dá pro campeão do BBB). Eles têm que estudar bastante, ler obras e dicionários, estar familiarizados com nossa língua, além de ter concentração pra não se perder na hora de falar, letra por letra, alguma palavra muitas vezes complicada ou termos nunca dantes utilizados. Quem soletrar errado, está fora -a não ser que todos os adversários também errem na mesma rodada, o que raramente acontece.
Acontece que eu sempre me emociono também no Soletrando! Porque, ao ser eliminada, a criança fica muito chateada consigo mesma: ela falhou, está fora da competição, desapontou colegas, professores... e pais. Sim, eles sempre estão lá, vibrando pelos filhos, e não raramente também fazem a mesma cara de frustração. Já vi pais sorrindo do mesmo jeito, pais chorando e pais absolutamente sérios, intocáveis, quando s filhos saem das cabines e têm de ir embora pra casa sem o troféu e com a cabeça baixa.
Acho que todos nós sabemos como é ruim sentir que não conseguimos orgulhar nossos pais: eu, pessoalmente, sinto a dor de cada uma das crianças que têm que sair do programa. Não que eu não ache útil introduzi-las numa competição saudável, mas quanto mais alto se está (venceram todos de seu Estado e estão competindo num programa de tv), mais intensa a queda. E eu temo que nem sempre haja um colchão suficientemente forte lá embaixo pra ampará-las e mostrá-las que, por mais que caiam, ainda assim serão amadas, igualmente amadas.