quinta-feira, 31 de julho de 2008

Meninos não sonham

[Imagem: "Sonho causado pelo vôo de uma abelha à volta de uma romã, um segundo antes do despertar", 1944, Salvador dalí, óleo sobre tela, 51x40,5 cm. Lugano-Castagnola (Suíça)]

Depois de ter aulas sobre a teoria de Jung, há dois semestres, plantei e estou cultivando uma idéia um pouco louca -e que, óbvio, provavelmente não colocarei em prática (como já não estou).


Meu professor odiaria ver suas palavras tomadas tão ao pé da letra assim, mas de qualquer forma não vou identificá-lo. Este professor "X" dizia que os sonhos (os sonhos mesmo, aqueles que temos quando dormimos, e não os que temos quando estamos acordados) são indícios da nossa vida psíquica, ou seja, eles refletem o que temos ali dentro, nos recônditos do inconsciente. Assim, pacientes que costumam sonhar bastante são aqueles de mostram uma maior riqueza psíquica, têm mais "recheio na cachola". E com esses é mais fácil trabalhar com metáforas, com sonhos, com associações livres. Jogando mais pesado, são pacientes que aproveitam melhor a técnica da psicanálise e a psicologia analítica, simplesmente porque é meio como se já tivessem os instrumentos necessários pra brincadeira.


Faz sentido se pensarmos que os sonhos têm a ver com o que pensamos durante o dia e que as mulheres geralmente se lembram mais dos sonhos do que os homens. Ora, nós geralmente pensamos muito mais sobre questões emocionais, psicológicas, pensamos em nós mesmas, em como melhorar como pessoas. Já a maioria dos homens, bom... Claro que conheço alguns -muito sensíveis - que sonham. E é nisso mesmo que tudo faz sentido.


Enfim, o que concluí disso tudo, juntando aos pensamentos meus de cada dia, é que, pra achar um cara legal e que valha a pena (leia-se um cara suficientemente sensível pra entender ao menos aquelas explicações esdrúxulas que a gente costuma dar quando fica brava do nada, ou tem um surto e começa a chorar, não necessariamente na TPM), já há uma maneira cientificamente (Psicologia é ciência?) comprovada: você inclui, na lista de assuntos para uma primeira conversa, a seguinte pergunta - "Você tem muitos sonhos à noite? De que tipo?"


Exemplos de respostas e o que você deve fazer:

1) "Não, nunca sonho!" - esqueça.

2) "Sonho sim, mas nunca lembro o que era" - tente forçar um pouquinho, senão... esqueça.

3) "Sonho de vez em quando, principalmente de quarta-feira, depois do jogo. Sonho com o Timão!" - você tem pelo menos três motivos pra desistir: o sonho é muito raso e não diz nada do inconsciente dele; o certo é "às quartas-feiras", e não "de quarta-feira"; e Timão? Sem comentários...

4) "Sonho direto, cada dia um sonho diferente. Essa noite sonhei que estava galopando em um unicórnio, segurando seu chifre, e entrando num lugar cheio de coisas grandes e pontudas..." - Er... eu não arriscaria. Motivos quase explícitos. But take your chance.

5) "Sim, tenho alguns sonhos interessantes. Te conto a caminho de casa" - Uhu! Quão moderna você é??


A questão é: todo cuidado é pouco. Se podemos ter às mãos mais uma arma que seja, então que a tenhamos.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Time to say goodbye (ou brincos)


Época de férias sempre acaba nos impulsionando a fazer uma faxina geral nos nossos pertences (materiais ou não), reciclar, ter vontade de doar o que já não é mais nossa cara. Talvez isso aconteça porque é na época de férias que estamos mais leves (mesmo que a gente coma mais): é uma leveza de espírito, que acaba naturalmente despregando de nós algumas coisas que ficam presas pela própria retesão dos músculos que se congela no dia-a-dia.
Enfim, motivos à parte, hoje eu estava arrumando minhas gavetas e comecei a ver meus brincos. Olhando um, olhando outro, acabei me esquecendo completamente das gavetas e dediquei meu tempo e minha concentração a ver esses brincos -e a escrever aqui no blog. Tanta coisa pra fazer! Foco, Emy.
Pensei em começar esta postagem dizendo que a foto aí mostra o 'infinito dos brincos de emy'. Mas logo vi que seria injusto pois, depois de tirar as fotos, lembrei que tinha uma caixa de brincos dourados e mais alguns em outras gavetas que não saíram na fotografia. Então, o tal do título ali em cima seria mentiroso. E colocar os brincos restantes ali daria muito trabalho -pois eu já tinha separado uma parte destes brincos aí para jogar fora. E talvez não coubesse num enquadramento legal.
A questão é essa: uma atividade que poderia durar apenas alguns minutos acabou se estendendo muito, pois estes brincos têm quase todos uma história da qual me lembrar: fosse dos lugares aonde fui usando algum par, fosse porque foram presentes de alguém querido. Ou fosse simplesmente por remeter à sensação de apaixonamento que tive quando escolhi algum deles pra comprar na loja (isso parece fútil -e talvez seja-, mas faz parte de mim e de minha história gostar do que brilha, do que reluz, do que é belo. Se alguém souber explicar, fique à vontade).
É realmente verdade que um objeto com algum valor sentimental pode nos fazer ter sentimentos até então escondidos, guardados. Sejam eles sentimentos de alegria ou de tristeza, de saudade ou de nostalgia etc etc ad infinitum. Talvez por isso o nome: valor sentimental. Os sentimentos têm valor, e essa verdade é tão concreta quanto os objetos em questão.
Por outro lado, como eu havia dito no primeiro parágrafo, às vezes é hora de dizer adeus e nos desprender. Com certeza, haverá outros motivos para recordar. Foi isso que fiz logo depois: escolhi vários pares para jogar fora, pois sabia que não os usaria mais. You bet que eu acabei mudando de idéia e guardando mais do que poderia guardar, simplesmente pela dificuldade de jogar fora a representação de bons sentimentos que são estas bijuterias. Já na sacola de plástico, pensei em doar alguns e acabei fazendo uma "repescagem", salvando alguns. Também dei um "banho de pasta de dente" em dois ou três pares, e eles ficaram novinhos em folha. Mas consegui, sim, dizer adeus a um número considerável. Adeus. Snif.
(PS: na foto, há três brincos sem par. Se alguém conseguir achar... escreva)

terça-feira, 15 de julho de 2008

Pílula de pensamento 2


Cada um de nós é como um pacotinho de Confeti: temos dentro de nós, potencialmente, uma enorme gama de cores, das mais vibrantes às mais acinzentadas, porém cada um traz uma proporção diferente dessas cores. O sabor deve ser o mesmo, independente da cor, porque viver cada dia -seja ele triste ou feliz -deve ser como comer chocolate: uma grande viagem. Só não exagere.