domingo, 24 de janeiro de 2010

Mitos do amor


A IstoÉ desta semana traz nove mitos sobre o amor, aparentemente postos em terra por pesquisas científicas. Dentre eles, encontram-se: "Homens dão mais valor à parte física das mulheres e as mulheres ao status social dos homens"; "Relações proibidas são mais empolgantes"; "O romance e a paixão desaparecem com o tempo"; "O fim de um relacionamento é mais difícil para quem ainda está apaixonado"; "Brigas e críticas minam o casamento".

Honestamente, não sei se uma única pesquisa poderia explicar o que há detrás de tantas ideias vastamente disseminadas - e, portanto, a sabedoria popular ou senso-comum, alvo das refutações científicas. Entretanto, é muito claro que uma revista com tema de capa tão atraente venda bastante e sirva para debates entre amigos ao longo da semana.

Quanto a mim, aproveitei para ler sobre cada um dos nove mitos, me detendo especialmente no último: brigas e críticam minam o casamento (estendendo-o por conta para qualquer status de relacionamento amoroso). Sobre esta ideia, hoje se sabe que é muito pior esconder os sentimentos, e que uma conversa sem violência verbal ou física pode ser muito mais saudável.

Fato é que odeio brigar. Sempre fui da política de que, quando surjam os pepinos, que se os sanem antes de deitar a cabeça no travesseiro (ou as cabeças, para ser mais exata, partindo do talvez possível mito "Quando um não quer, dois não fazem"). Sempre fui ancorada pela fantasia de que, caso acontecesse algo ou comigo ou com a outra pessoa -morrer, no caso -, a outra ficaria para sempre muito arrependida de não ter feito as pazes.
Acontece que, hoje em dia, sei quem nem sempre é possível resolver tudo de um dia pro outro. Porque, adaptando a frase acima, quando um não quer se acertar, dois não se acertam. E sobram motivos para tal: teimosia, imaturidade, vingança, falta de interesse, etc. O difícil é quando a pessoa que quer se acertar fica presa a tais possibilidades e, ao invés de ganhar com a relação, sofre ônus.
Como, eu disse, odeio brigar. Mas o silêncio muitas vezes pode ser necessário para abrir nossos olhos.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Avatar, onde as mulheres não têm vez


Fui (atrasada, ok, mas eu já disse que estou de férias? hehehe) assistir "Avatar" 3D na tarde de ontem. Eu havia lido somente um pouco sobre o filme, e um dos comentários que ficaram gravados foi o de que James Cameron nos deu um "espetáculo para os olhos". Foi com esta expressão na cabeça que preenchi minhas expectativas e coloquei os óculos, no mínimo, empolgada.

Não me decepcionei. O filme é muito bonito e, claro, especialmente as cenas de voo (tanto dos personagens principais e seus animais alados cujo nome não guardei quanto de insetos e dos espíritos da Árvore Mãe). As pinturas de guerra e as tonalidades néon também ajudam muito, bem como os saltos vistos com câmeras ousadas e as cenas em que os avatares e os na'vis andam sobre os galhos a alturas imensas. Mesmo as metralhadoras e seus fogos são bonitas em 3D.

Não há como tirar os méritos de um trabalho tão cuidadoso, tão bem pensado, tão cultivado. Imagino o que deve ser dedicar anos para um projeto: a excitação, a sensação de controle, mas também a sensação de descontrole, o desânimo, a irritação, o enjoo. E, pra tudo dar certo, uma equipe enorme e um cérebro um pouquinho fora do comum (como provavelmente é o de James Cameron, comentário meu sem juízos de valor) contribuem demais.

Agora, a história. A história de Avatar não é mais do que se compreende de "Dança com Lobos", ou até "Pocahontas", ou tantas outras que falam de um intercâmbio cultural e a dificuldade de se entregar ao desconhecido frente a conflitos de interesses. A história feita por poucos, já que, por trás das decisões, existe a massa - o povo que, em uníssono, faz a voz de Deus e, também em conjunto, sofre as consequências gerais. Em Avatar, mostra-se também que, sem a união do povo, não se inverte uma posição desvantajosa. É sempre bom assistir à esperança coletiva, ainda que ela também possa, muitas vezes, transformar-se em exércitos.

Mas algo que me despertou lá pelas tantas do filme (que, aliás, é longo, doi um pouco a cabeça, mas tudo bem) foi o pensamento: "Ah, ok, há algumas personagens femininas no filme. Mas todas elas possuem uma força e um poder que não mostra o feminino tal como ele é. Mostra mulheres que tiveram que se adaptar a uma realidade dura, seja ela capitalista ou mítica, para poderem ser aceitas". Assim é Grace, a cientista durona, mas que também tem um lado materno ao alimentar Jake. Assim é a capitã que xinga, pilota helicópteros e se sacrifica pela causa. Assim é Neytiri, guerreira e que recebe o arco de seu pai moribundo. E assim é sua mãe, feiticeira respeitada por suas palavras que, na verdade, não são dela.

E é aí que reside a compensação desta falta marcada acima: o feminino reside totalmente em Eywa, a divindade maior dos Na'vi e a qual todos protegem, pois dela dependem para viver. São delas as palavras proferidas pela mãe de Neytiri. É a Mãe-Natureza o todo feminino do filme, eixo central do enredo, que sofre pela ganância dos homens e a falta de respeito por seu equilíbrio natural. Ela é mostrada como a maior prejudicada quando é incendiada e destruída, mas é também ela quem consegue revidar, reunindo a força de todos que dela dependem e que lhe são gratos (incrível, não são os seres humanos...!) para o golpe final.

Claro que Avatar chegou na hora certa, com o momento ecologicamente correto. Porém, também ali, é a guerra sendo vencida pela guerra. Na realidade, não sei se a Mãe-Natureza agiria por meio de exércitos ao invés de, talvez - quem sabe? -, enchentes e outros fenômenos que não são contra-ataques, mas sim consequências. Mas é que guerra é brincadeira de meninos grandes, e esse filme, no fim das contas, é para eles.

domingo, 17 de janeiro de 2010

A única coisa a falar agora


(Fotos: UOL)

Há somente uma coisa a se falar neste momento: como ajudar o Haiti.


Por mais que me envergonhe de fazer parte de um número tão grande (=massa), sou uma das pessoas que nunca antes havia parado para pensar seriamente sobre o país e as seguidas sofreguidões que viveu desde seu início - como uma criança que lutou para nascer, foi criada em um ambiente desfavorável e, por tudo isso e mais um pouco, tem que enfrentar muitos percalços rumo ao seu desenvolvimento.


Mas agora não é hora para criar tratados e teorias sobre os por quês de tanta tragédia: cada um de nós, pensadores, terá seu ponto de vista limitado para contribuir - antropólogos, sociólogos, historicistas, geólogos, psicólogos, filósofos, biólogos. A hora é de pôr as mãos na massa. E fazer a diferença, mesmo que com mãos invisíveis.


Achei alguns endereços para que possamos enviar ajuda. Não quero me sentir tão impotente frente a tudo o que está a meus olhos.
O Brasil enche de orgulho quando ajudamos tanto: está atrás apenas dos EUA em quantidade financeira de ajuda enviada por um país. E, mais do que isso, enviou equipes de resgate, equipamentos médicos e mantimentos. Vamos manter essa conquista, que é maior do que sediar copas e olimpíadas (na minha opinião).


Embaixada do Haiti no Brasil
Banco do Brasil
Agência 1606-3
Conta corrente 91.000-7
CNPJ 04170237/0001-71

Cruz Vermelha
HSBC
Agência 1276
Conta corrente 14526-84
CNPJ é 04359688/0001-51

Viva Rio
Banco do Brasil
Agência 1769-8
Conta corrente 5113-6
CNPJ 00343941/0001-28

Care Internacional Brasil
Banco Real-Santander
Agência 0373
Conta corrente 5756365-0
CNPJ 04180646/0001-59

Pastoral da Criança
HSBC
Agência 0058
Conta Corrente 12.345-53
CNPJ 00.975.471/0001-15

Caixa Econômica Federal*
Agência 0647
Conta corrente 3.600-1
CNPJ 00.360.305
* As doações da Caixa serão encaminhadas à Coordenação de Assistência Humanitária (Ocha, na sigla em inglês) pelo Programa Mundial de Alimentação (PMA) da Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Escritório das Nações Unidas.

Médicos Sem Fronteiras
Banco Bradesco
Agência 3060-0
Conta Corrente 111036-5