domingo, 13 de janeiro de 2008

O Diabo Veste Prada


Hoje assisti de novo ao filme "O Diabo veste Prada" (Fox, 2006). Não tenho muita paciência para rever filmes, talvez porque freqüentemente me surja a paranóia de estar desperdiçando algumas horas da minha vida numa reprise enquanto poderia estar vivendo algo inédito. Esta lógica, apesar de lógica, também é um pouco torta -porque a gente pode muito bem encontrar no filme detalhes e idéias que não tínhamos captado antes simplesmente porque não podíamos ou ainda não estávamos prontos para ver sob a nova ótica em questão e, assim, viver algo novo e que valha a pena.

Desta vez, assisti ao filme de olho em algumas coisas, não necessariamente em ordem: 1) as roupas maravilhosas, 2) a atuação da Anne Hathaway, com sutis, mas valiosos, trejeitos que compunham a personagem Andrea, e 3) quão 'normal' é encontrarmos Mirandas em nosso caminho. E é isso que faz com que, inevitavelmente, 99% de nós nos identifiquemos muito com a mocinha espevitada. Somos rodeados por satãs bem-vestidos (ou seja, em pele de cordeiro, se é que o ovino está in em casacos neste inverno europeu) que nos causam, inicialmente, medo, repulsa e, lá no âmago, admiração. É tentador. A Cá estava vendo o filme comigo e comentou: "Quem não ficaria deslumbrado com tudo isso?"; é verdade (vide meu número 1 ali no começo do parágrafo). A personagem da Anne despiroca, dá um bolo (tanto no sentido conotativo quanto no denotativo) no aniversário do namorado charmosinho, não resiste ao loiro-de-sobrancelhas-estranhas-porém-jornalista-que-ela-admira, dá um pelé na colega de trabalho e vai pra Paris. Ela passa o filme se justificando e negando o quanto estava sendo transformada. Já que estava no inferno, passou a abraçar o capeta. Mas, no fim do filme (spoiler!), por ironia do destino (ou não), foi uma frase da própria diabona que a faz abrir os olhos, e ela percebe que ainda dá pra reverter a situação. E aí é recompensada e consegue o emprego que tanto queria, de jornalista no New York Mirror.

Será que ela precisaria passar por tantas humilhações da toda-poderosa da revista Runway, virar o pé com aqueles saltos divinos, conseguir o manuscrito do Harry Potter 7 e nem poder dar uma folheadinha etc., pra conseguir ter sua lição aprendida e ganhar o prêmio final? Eu aposto que sim. E vocês?

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