sábado, 12 de abril de 2008

de onde vêm as coisas


[Imagem: "Ninféias", Claude Monet, óleo sobre tela, 130x200cm, ano?]


Hoje minha cabeça está bem bagunçada. Não sei direito o que fazer. Voltei de um belo passeio de barco, num lago que circunda minha casa. Estava frio, e o nevoeiro já estava cobrindo as plantas e o animais, prenunciando perigo pros que ali não pertencem. Não lembro por quê estava ali. Caí no lago. Não devia ter brincado com forças maiores do que as minhas que, aliás, são tão precárias neste momento.


O céu está vermelho. Isso é estranho, mas me dá uma sensação de calor que ajuda a aquecer meu pobre corpo, ensopado com água doce, a roupa coberta por musgo e ninféias. Sinto que alguém está por perto e que vai me agarrar pelas costas a qualquer instante. Pra isso, guardo dentro do peito um grito terrível, caso tal iminência deixe de sê-lo e se torne ato.


Corro. O ar gelado corta meus pulmões e bloqueia a passagem de meu grito.


De repente, estaciono. Meu corpo se desequilibra por não acompanhar a velocidade de meus pensamentos, e caio. Estacionei porque o sentido de correr simplesmente saiu de minha lógica, da ordem que sigo de dentro de mim. Pra quê, mesmo?


Os músculos tremem. Sinto os pés se torcendo por causa do esforço e do frio. Tento urrar de dor, mas não consigo. Me deixo deitar no chão, dobrado, com as mãos nos pés. Não há outra coisa a fazer além de chorar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Ju, amiga... Só tenho uma coisa a dizer...Talento!! Você é uma pessoa completa!!
Te adoro...Beijosssss

Anônimo disse...

Mais um ótimo texto ju, tão bom quanto os anteriores.
E a escolha do quadro foi perfeita, gostei muito.

continue assim!
bjs

possa disse...

Belo nome pra miguelagem.