quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Oscar 2013: Os Miseráveis



There was a time when men were kind
When their voices were soft
And their words inviting.
There was a time when love was blind
And the world was a song
And the song was exciting.
There was a time ... then it all went wrong
(...)
But the tigers come at night,
With their voices soft as thunder,
As they tear your hope apart
As they turn your dreams to shame

["I dreamed a dream", música de Claude Michel-Schonberg, 
letra em inglês de Herbert Kretzmer]


Para mim, a música-chave de "Os Miseráveis" (mais do que emocionante na interpretação de Anne Hathaway) é como um prelúdio que narra o que acontecerá ao longo do filme. Mais ainda, é uma sinalização do que está por detrás de um enorme sentimento de estranheza que permeou minha sessão, e a qual pude começar a decifrar somente após algum tempo. 

A estranheza que me saltava aos olhos, que me fazia questionar - afinal - que pessoas eram aquelas e por quê elas eram tão diferentes de mim, de nós, consistia na coragem (ali exibida por todos os personagens) em assumir e lutar por aquilo em que se acreditava: um novo curso de vida, uma justiça a ser respeitada, uma outra organização social e política, o nascer dum amor.



Em que parte da História essa coragem se perdeu?



Tenho a impressão de que o próprio filme traz uma ideia. Quando os jovens revolucionários franceses se veem sem o apoio da população e morrem, convictos do ideal de que após eles surjam outros - justificando assim suas mortes - talvez esses outros jamais tenham aberto suas casas, encerrados no que sempre esteve ali, atrás daquelas portas. 

O medo não é o oposto da coragem, e sim a inércia. Talvez, em algum momento ("then it all went wrong"), os riscos tenham sido minimizados. As escolhas passaram a valer menos. À morte coube menos da metade da glória que lhe era concebida e, assim, não havia mais o que bradar, ameaçando aquela que é inevitável.


As revoluções se desenvolvem em silêncio. Porém, quando a hora é indevida e o ato se silencia de modo prematuro, elas são consumidas pela própria energia. Implodem.

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