domingo, 13 de setembro de 2009

Arquivos Corrompidos




Domingo é meu dia de ler revistas, jornais e atualizar meus blogs. Hoje pensei em escrever um pouco sobre a polêmica do Nelsinho Piquet (estranho chamá-lo de "Nelsinho" sendo que eu nem fã sou de corridas, para certa tristeza do meu pai). Eu ia dizer que é difícil fazer um julgamento sobre o fato de ele ter "denunciado" sua negociação com Briatore justamente e tão-somente depois de ver que a tal da negociação não lhe trouxe exatamente o que ele queria - ou seja, a renovação do contrato. Eu também ia dizer que, para os pilotos que teceram comentários sobre o ocorrido, como o Rubens (não preciso chamar de "Rubinho") Barrichello, que disse que aceitar esse tipo de acordo é antiesportivo e merece punição, só resta questionar o que é então acatar, ainda que forçosamente, ordens de deixar o companheiro vencer a corrida - e se o oposto disso seria, no mínimo, aceitar que alguns têm maior capacidade para vencer mais vezes do que outros. Aliás, ele ganhou hoje, que bom!




Mas resolvi também falar sobre a coluna do Zeca Baleiro ("Rede idiota"), na Istoé, que li corridamente (eufemismo para dizer que só passei os olhos, não li como deveria ler). Ele diz que vislumbra um futuro internético, com avatares cheios de opinião sobre todos os fatos, mas nunca rostos abertos, públicos, que assumam suas ideias. Diz também que ele não tem twitter, pois não é novela pra que o sigam. E fala da origem não muito bela e digna da internet, antes chamada Arpanet, na época da Guerra Fria.

Gosto de pensar as coisas numa perspectiva histórica. Compreender a História (por mais que nunca tivesse sido minha matéria favorita) nos ajuda a pensar no que ocorre agora. Isso tanto como indivíduos quanto como coletividade. Faz sentido demais pra negar.

Então, pensar na internet como um veículo ambíguo, que inicialmente serviu como arma de guerra e espionagem - e, portanto, atendendo a apenas um lado da luta - para depois tornar-se símbolo da globalização e da democracia, um lugar ao sol para todos e a disponibilização for free de produtos, marcas, corpos e ideias, pode ser uma nova forma de compreensão. Continuamos, assim como os espiões e agentes secretos de décadas atrás, passando através da "rede idiota" nossos segredos anonimamente, com a diferença de que, desta vez, os sussurros se dirigem, ao mesmo tempo, a todos e a ninguém. E, pensando assim, Nelsinho Piquet vai contra a maré das denúncias anônimas, expondo-se e colocando em risco uma paixão e uma profissão em prol da defesa de seus direitos. Que direitos são esses é outra questão e fica pra outra hora. Ou pra outro blogueiro anônimo.

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