quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Do Amor I




Muitas vezes me pego pensando o que é o amor. Talvez porque essa palavra estampe mais da metade dos títulos de filmes românticos, surja em pelo menos 99% das músicas sertanejas, tenha mil e uma conotações e usos possíveis que, além de tudo, são muito bem aproveitados pela indústria do consumo. O amor vende.

Um tempinho atrás, descobri que uma amiga fez um blog que falava de amor. Mas ela fez uma ou duas postagens, deixando-o pra trás junto com um rompimento amoroso. Não é fácil falar de amor.

Mais fácil mesmo parece ser pensar sobre ele. Teorizar sobre algo que nem sequer conseguimos bem definir. Aos poucos, vou me deparando com ideias a respeito: de Stendhal a Comte-Sponville, agora vejo uma no meu livro sobre desenvolvimento humano, comprado no meio da faculdade, e que resolvi olhar com mais atenção só agora.

R.J. Sternberg, em 1985, criou a "Teoria Triangular do Amor". Por mais que, de cara, pareça algo favorável à poligamia, não é bem isso o que o autor (ou autora, não sei) defende; a teoria fala, na verdade, que o amor possui padrões, e que eles sempre dependem de três elementos. Os três são: a intimidade, a paixão e o comprometimento.

E, assim, Sternberg fala do não-amor (quando não há nenhum dos três, e que abarca a maioria dos relacionamentos interpessoais), da afeição (só há intimidade), a paixão louca (só há paixão), o amor vazio (só há comprometimento). Também há o amor romântico (paixão e intimidade, porém sem comprometimento), o amor companheiro (intimidade e compromentimento, sem paixão) e amor ilusório (há paixão e comprometimento, mas não intimidade). E, claro, o amor consumado (paixão+intimidade+comprometimento, que é, segundo Sternberg, mais fácil alcançar do que manter).

A princípio, pensei ser muito reconfortante olhar assim, categorizadas, as formas de amar e se relacionar - e que, imagino eu, só podem ser definidas depois de algum tempo. No entanto, logo comecei a ficar um pouco confusa: como podemos dizer que amamos um amor de tipo "vazio"? Será que o amor só por comprometimento, sem intimidade nem paixão, pode ser chamado de amor? A mesma coisa para o amor ilusório, e assim vai. Talvez o amor companheiro e o amor romântico sejam mais aceitos. Porém, olhando-os em categorias, vemos que eles ainda são capengas: nenhum chega aos (tri)pés do amor consumado. Hoje, com tantas pessoas tentando (co)existir, fica difícil ser único; por isso, nos especializamos cada vez mais em uma coisa só. O amor pode ser especializado?

E aí, será que é amor? Será que amamos? Não sei... Talvez aquela propaganda de perfume possa me responder, assim que eu comprar um frasco, irresistível e deliciosamente desenhado. Mas aí já não sei se quero saber; talvez esse amor engarrafado não faça o meu tipo. E nem aquele outro.

Fico sem saber.

Um comentário:

Anônimo disse...

amor é uma droga potente, simples