segunda-feira, 23 de junho de 2008

Uma análise psicológica de Amy Winehouse

[Caricatura de Stevero, no site desenholegall.blogspot.com]

"Understand,
Once he was,
A family man.
So surely,
I would never,
Ever go through,
It first hand
Emulate all
The shit my mother hated.
I can't help,
But demonstrate
My Freudian fate." (Amy Winehouse, "What is it about men")

Eu, assim como os milhões de fãs da Amy -e também os puros voyeuristas e sádicos -acompanho quase todas as notícias de quando ela dá vexame em show, ou é flagrada usando drogas, ou declara amor pelo marido preso, ou é levada pelo pai a uma clínica de reabilitação ("yes, yes, yes"). Imagino que muitos e muitos blogs tenham alguma postagem falando sobre ela, e meu Infinito não vai ficar pra trás. Mas pensei em fazer algo que está mais à minha alçada: uma análise psicológica de Amy Winehouse.
(aviso que, obviamente, essa análise é mais pra entretenimento do que pra qualquer outra coisa que caberia a um psicólogo... don´t take it too seriously!)

Primeiro de tudo, algo óbvio: existe algum conflito edípico que não foi suficientemente resolvido. Complexo de Édipo total. Pra quem não sabe, Freud usou o mito do Édipo-rei pra mostrar a relação que se forma com nossos pais quando somos bebês. O filho ama a mãe e sente raiva do pai por este já ser o dono dela, então só lhe resta procurar outra mulher para si e tentar ser parecido com o pai para achar uma mulher parecida com a mãe. No caso da Amy, parece claro que, no fundo, ela ainda quer muito o carinho, a atenção, o amor do pai. É ele quem ela busca quando está na pior (e olha que não são raros momentos não!). É o Sr. Winehouse quem socorre a filha, conversa com ela e a convence a se internar, é ele quem a protege da mídia, é ele quem a abraça pra entrar no carro. Por isso Amy, inconscientemente, buscou um marido que não pode estar com ela (o Blake está cumprindo pena na prisão): assim, o pai pode cuidar dela sem ninguém inconveniente-como um marido -para atrapalhar. Ela faz declarações para o Blake porque ele é o marido que ela queria: um marido que está lá, preso, e não perturba.

O abuso de álcool (seu próprio nome já diz: Winehouse=em inglês, casa de vinho, adega; e Amy=do francês ami, amigo) e drogas é uma conduta anti-social que, segundo Winnicott -um psicanalista que estudou a delinqüência-, é uma forma da pessoa dizer ao mundo que algo lhe foi privado, que não lhe deram algo de que ela precisava. Nesse momento, pergunto onde está a mãe da Amy. Nunca ouvi falar dela em nenhuma notícia: é viva, é separada do pai, fugiu de casa? O que faltou em sua vida que ela reclama através do uso de drogas? Pode ser a falta de uma mãe carinhosa, mas, partindo da hipótese de cima, pode ser também que o que lhe faltou foi justamente uma interdição, ou seja, uma mãe que dissesse: filha, você não pode ficar com seu pai pra sempre.

Quanto a suas letras, Amy apresenta um intenso sentimento de desesperança, beirando o cinismo. Isso se mostra, por exemplo, na letra da mais que conhecida"Rehab": The man [=o psiquiatra da clínica] said why you think you´re here (...) He said I just think you´re depressed, kiss me and go rest. Ou seja: não há crédito nenhum numa ajuda psiquiátrica ou psicológica. Isso demonstra que a Amy aproveitaria pouco de um trabalho de terapia. Chamamos isso de mau prognóstico.

Por outro lado, há uma esperança: a própria música. Freud denominou 'sublimação' o ato de deslocarmos energia para o fazer arte. É uma forma saudável e socialmente aceitável de, digamos, engolir sapos (poderíamos, ao invés disso, gastar compulsivamente ou então até matar alguém, mas a sublimação nos salva!). A saída para Amy dar conta de todas as angústias e 'terrores-sem-nome' que a atormentam só parece estar na concentração em criar canções ótimas como as que ela tem feito. E, quanto a nós, fãs, só nos resta torcer para que dê tudo certo. E que a Amy até vá de volta para o escuro, mas que ela retorne ao claro todas as vezes.

2 comentários:

Unknown disse...

Genial! Total édipo hein!

Gostei da sua análise... mas infelizmente acho dificil demais uma recuperação dela...

Sei lá, milagres acontecem, né?

Quanto ao endereço do textinho belo e formoso do Tim Burton é esse aqui http://homepage.eircom.net/~sebulbac/burton/home.html

Bjos

Aline Durval disse...

Que saudades do seu blog, amore...
Faz tempo que não entrava...Sensacional!!!
Pobre Amy... Bjoka